A Polícia Federal (PF) interceptou as mensagens em que um senador da República afirma ter atuado para prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O diálogo de WhatsApp foi encontrado no celular de Marcos do Val e remete a fevereiro de 2023. O aparelho foi apreendido através do inquérito do STF que apura suposto planejamento de golpe de Estado por parte do senador Marcos do Val, de Jair Bolsonaro (PL) e do ex-deputado Daniel Silveira.
Foi através das mensagens encontradas no telefone interceptado que investigadores da PF pediram a prisão de Do Val a Alexandre de Moraes, em junho. No dia (2 de fevereiro) uma pessoa identificada como “Elmo” enviou uma mensagem a Do Val às 11h24: “O que precisar de nós é só falar. Se precisar estar aí com vc, é só falar. Tamo junto na alegria e na tristeza”.
Marcos do Val responde: “Estou há dois anos trabalhando para prender Alexandre de Moraes”. Pouco depois, Elmo encerra: “Batalha dura”. De acordo com as informações o interlocutor seria irmão de Do Val.
Diálogo entre Marcos do Val e seu pai chama atenção
Um outro diálogo entre do Val e seu pai, Humberto, também chamou a atenção de investigadores. Nele, há citação ao ex-presidente Bolsonaro. “Olha os relatórios do que provocamos na imprensa Brasileira em um único dia! Superou as expectativas, e a primeira fase foi concluída”, começou.
“Essa missão foi provocar a imprensa e a sociedade para pedir aos seus representantes no Congresso as assinaturas para a abertura da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) sobre o dia 08 de janeiro!”, escreveu Marcos Do Val no fim da tarde do dia 25 de fevereiro.
Na troca de mensagens, completou o senador: “Disse que não imaginava que faria isso e os generais não paravam de ligar para ele, para dizer que descobriram as minhas ações e parabenizando. Disse que a CPMI irá dar início ao fim do Lula e Xandão. Lula acredito que conseguimos impeachment, o Xandão vai perder a força e vai mergulhar”.
Neste momento da conversa, Do Val não detalha a Humberto quem seria o sujeito por trás do verbo “disse”. Na sequência, Do Val finaliza: “Bolsonaro está muito feliz. E impressionado de eu ter feito tudo sozinho”.
Senador e a suposta tentativa de atrapalhar as investigações
Através do pedido de prisão preventiva de Marcos do Val feito a Alexandre de Moraes, policiais citaram suposta tentativa do senador de atrapalhar as investigações. No celular apreendido, a PF apontou mensagens enviadas pelo parlamentar ao senador Sergio Moro e ao deputado Eduardo Pazuello explicando como pretendia afastar Moraes do inquérito dos atos golpistas.
Os investigadores relatam que Do Val compartilhou com os dois parlamentares uma cópia de sua oitiva à Polícia Federal: “Esse meu depoimento, eu incluo o ministro AM (Alexandre de Moraes) e tecnicamente ele é obrigado a sair da relatoria dos Atos antidemocráticos”, afirma uma primeira mensagem. Em seguida, Do Val continua: “Temos que passar para os influenciadores que o Senador do Val abriu o caminho para o afastamento do ministro e para o impeachment do Lula”.
Em nenhum momento, a PF aponta qualquer irregularidade por parte de Moro ou Pazuello no referido caso.
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