Após uma investigação de dez meses, a Polícia Federal (PF) em São Paulo concluiu o inquérito que envolve o influenciador fitness Renato Cariani, suspeito de desvio de produtos químicos para a produção de drogas. O relatório final, entregue este mês, resultou no indiciamento de Cariani e mais dois indivíduos, Fabio Spinola Mota e Roseli Dorth, pelos crimes de tráfico equiparado, associação para tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
A investigação não pediu as prisões dos três investigados e todos respondem em liberdade. Os detalhes estão agora nas mãos do Ministério Público Federal (MPF), que decidirá sobre a denúncia. A Justiça Federal, posteriormente, determinará se o trio será julgado. Se condenados, poderão enfrentar penas de prisão.
Desvio de produtos químicos e lavagem de dinheiro
Os acusados, incluindo Renato Cariani, proprietário da Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., teriam utilizado a empresa para falsificar notas fiscais de vendas de produtos químicos destinados a multinacionais farmacêuticas. No entanto, esses insumos eram desviados para a fabricação de cocaína e crack, alimentando uma rede criminosa de tráfico internacional. A investigação aponta para o envolvimento direto dos acusados, com provas obtidas através de interceptações telefônicas autorizadas judicialmente.
Fabio Spinola Mota é citado como o articulador do esquema, responsável pelo repasse dos insumos entre a Anidrol e o tráfico. A Polícia Federal revelou que a Anidrol emitiu cerca de 60 notas fiscais falsas e realizou depósitos em nome de “laranjas“, com o uso indevido dos nomes de grandes empresas, como AstraZeneca e LBS Laborasa.
Posicionamento dos envolvidos e contexto
Renato Cariani, ao tomar conhecimento da operação da PF, negou seu envolvimento no esquema. Em um vídeo nas redes sociais (ainda em 2023), ele declarou: “Fui surpreendido com um mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, onde eu fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas num processo que eu não sei, porque ele corre em ‘processo de justiça‘”. Cariani também defendeu a Anidrol, mencionando sua história de mais de 40 anos e a gestão de sua sócia de 71 anos.
Renato Cariani, além de influenciador fitness com grande presença digital, é descrito como professor de química, professor de educação física, atleta profissional, empresário e youtuber, com uma forte influência no mundo do fisiculturismo brasileiro.
Investigações da PF
A Polícia Federal começou a investigar o caso após a Receita Federal verificar depósitos suspeitos de mais de R$ 200 mil feitos pela AstraZeneca para a Anidrol. A multinacional negou, no entanto, que tenha comprado os produtos da empresa do influencer Renato e de sua sócia.
A investigação identificou mais suspeitos de participarem do esquema criminoso, mas ainda não os indiciou porque espera juntar mais provas contra eles. A PF também busca saber onde a droga foi comercializada depois e por quem.
Em 2023 a Polícia Federal fez a operação Oscar Hinsberg de combate ao grupo criminoso, cumprindo mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça Federal em imóveis em nome dos três suspeitos. Foram apreendidos equipamentos eletrônicos e objetos que depois passaram por análises dos peritos.
- Oscar Hinsberg foi um químico que percebeu a possibilidade de converter compostos químicos em fenacetina. Essa substância foi o principal insumo químico desviado, segundo a PF.
