Juros do financiamento imobiliário: um obstáculo para a casa própria

A concretização do sonho da casa própria tem se tornado cada vez mais desafiadora no Brasil, devido ao atual patamar dos juros do financiamento imobiliário. Segundo pesquisa da Brain Inteligência Estratégia para a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), cerca de 88,4% dos potenciais compradores consideram inviável adquirir imóveis com taxas de financiamento acima de 11% ao ano.

O Cenário Atual do Financiamento Imobiliário

A pesquisa da Brain evidencia a realidade enfrentada por grande parte dos brasileiros. Apenas 11,6% dos entrevistados veem como possível a aquisição de um imóvel com a taxa de juros do financiamento acima de 11% ao ano. E essa realidade se torna ainda mais dura para quem ganha até R$ 4 mil, pois 63% desse grupo recorre ao financiamento imobiliário para comprar a casa própria.

Luiz França, presidente da Abrainc, destaca a importância do financiamento para o segmento de baixa renda, pontuando que as taxas de juros têm um impacto significativo na viabilidade do financiamento imobiliário e limitam o acesso à moradia para muitos brasileiros.

Taxas de Juros dos Principais Bancos

Conforme levantamento do Banco Central, as taxas reguladas para o financiamento imobiliário a pessoas físicas chegaram a uma média de 9,65% em junho de 2023. No entanto, bancos como Inter e Santander apresentaram juros para a modalidade acima de 11% ao ano.

Posição	Instituição	% ao mês	% ao ano
1	BCO BANESTES S.A.	0,63	7,82
2	BCO COOPERATIVO SICREDI S.A.	0,67	8,34
3	BCO DO EST. DO PA S.A.	0,68	8,43
4	CAIXA ECONOMICA FEDERAL	0,69	8,6
5	BCO DO BRASIL S.A.	0,74	9,27
6	BRB – BCO DE BRASILIA S.A.	0,74	9,28
7	BCO DO EST. DE SE S.A.	0,75	9,36
8	APE POUPEX	0,77	9,59
9	BANCO SICOOB S.A.	0,8	10,05
10	BCO DO ESTADO DO RS S.A.	0,82	10,32
11	BCO BRADESCO S.A.	0,84	10,52
12	ITAÚ UNIBANCO S.A.	0,85	10,71
13	BANCO INTER	0,9	11,38
14	BCO SANTANDER (BRASIL) S.A.	0,91	11,46

Consequências para a Sociedade

A atual situação do financiamento imobiliário impacta não apenas quem busca a casa própria, mas também as políticas públicas e a economia do país. Afinal, segundo a pesquisa, 83% dos compradores que utilizam o financiamento têm como finalidade a aquisição para moradia. Com taxas de juros altas, a parcela mais carente fica à margem, o que acende um alerta para a necessidade urgente de redução da taxa Selic.