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Israel e o Hamas são denunciados pela ONU

Com mais de 1 milhão de pessoas deslocadas e 4.200 mortos, a Organização das Nações Unidas (ONU) elevou o tom de críticas contra os responsáveis pelos ataques no Oriente Médio. Nesta terça-feira (17) a ONU denunciou as autoridades de Israel por terem promovido uma evacuação forçada de milhares de palestinos na Faixa de Gaza, por ataques indiscriminados contra a população e alerta que violações ao direito humanitário internacional estão ocorrendo “diariamente”.

A entidade também condenou os atos do Hamas em Israel e pediu que os responsáveis das mortes e sequestros de israelenses sejam identificados e responsabilizados. Ainda nesta manhã, durante uma entrevista coletiva em Genebra a porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, deixou claro que o argumento de Israel de que o cerco contra Gaza e os ataques contra civis seriam respostas aos crimes do Hamas não torna os atos justificados.

“A violação de um lado não absolve o outro lado”, pontuou Ravina Shamdasani. De acordo com ela, cumprir as regras da guerra é uma obrigação a todo momento. Para a porta-voz, os crimes do Hamas precisam ser condenados. Mas a resposta por parte de Israel precisa ser examinada. A ONU pede investigações e a responsabilização criminosa dos responsáveis. “Não se pode ter um punição coletiva como resposta aos ataques horríveis (do Hamas)”, afirmou Shamdasani. Além disso, ela fez um apelo para que Israel abandone sua estratégia de aplicar uma “punição coletiva” sobre os palestinos.

“Temos sérios temores quanto ao número de civis nos próximos dias. As operações militares não mostram sinais de diminuição, o cerco contínuo a Gaza está afetando o abastecimento de água, alimentos, medicamentos e outras necessidades básicas. E há indícios diários de violações das leis de guerra e da lei internacional de direitos humanos”, afirmou a Porta-voz da ONU para Direitos Humanos. De acordo com ela, o número de mortos inclui um “grande número de mulheres e crianças, além de pelo menos 11 jornalistas palestinos, 28 equipes médicas e 14 funcionários da ONU”. “Ainda não se sabe quantos corpos mais podem estar enterrados nos escombros”, afirmou.

A ONU ainda fez outra acusação, referente aos ataques aéreos de Israel contra Gaza. Segundo Ravina, o número de mortes entre palestinos levanta a preocupação de que os ataques sejam “desproporcionais e indiscriminados”. “Pedimos às forças israelenses que evitem alvejar civis e objetos civis ou realizar bombardeios de área, ataques indiscriminados ou desproporcionais. E que tomem precauções para evitar e, em qualquer caso, minimizar a perda de vidas civis, ferimentos em civis e danos a objetos civis”, pontuou a porta-voz.

Conselho de Segurança da ONU recebe carta de 130 associações

Os profissionais de saúde de todo o mundo fizeram um apelo ao Conselho de Segurança das Nações Unidas pelo resgate de vítimas civis do conflito entre Israel e o Hamas, no Oriente Médio. A carta enviada na última segunda-feira (16) é uma iniciativa da Federação Mundial de Associações de Saúde Pública, que reúne entidades sanitaristas de 130 países e representam cerca de 5 milhões de profissionais de saúde. O documento destaca que das cerca de 10 mil vidas humanas perdidas e mais de 15 mil feridos. Mutilados e incapacitados, a maioria são de civis inocentes, especialmente crianças, mulheres e idosos.

“Viemos até vocês para implorar pela saúde e pela vida de civis palestinos e israelenses inocentes, idosos, mulheres, homens, crianças e bebês envolvidos nesta luta insana e desumana entre o Hamas e o Estado de Israel. Nesta conjuntura, não tomamos partido nas diferenças políticas da complexa situação que levou ao que vemos e testemunhamos como violência injustificável contra vidas humanas. Isto tem que parar agora, imediatamente. Como seres humanos, não podemos normalizar os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs. Para que não nos tornemos menos humanos”, afirma um trecho da carta.

O documento é nominalmente endereçado ao presidente do Conselho de Segurança, o embaixador brasileiro Sergio Danese, ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, além do presidente de Israel, Isaac Herzog, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de autoridades palestinas, como Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, o Papa Francisco e ministros da Saúde das nações envolvidas. A carta foi enviada no dia em que o Conselho de Segurança se reúne pela terceira vez em pouco mais de uma semana. Na tentativa de aprovar uma resolução que abra caminho para assistência humanitária na Faixa de Gaza, que está à beira de um colapso.

Entre as ações emergenciais, a Federação Mundial de Associações de Saúde Pública pede que a ONU e as autoridades israelenses e palestinas levem mulheres e crianças para locais seguros, podendo usar hospitais em terra e navios-hospital ou embarcações que possam acomodar as vítimas sob supervisão das Nações Unidas. O texto ressalta a situação de falta de alimentos, energia, água e insumos de saúde, que estão praticamente esgotados.

Morre filha de brasileira feita refém pelo Hamas

Foi confirmada nesta terça-feira (17) pelo governo de Israel aos familiares a morte da filha e neta de brasileiros Celeste Fishbein Zaaror que estava entre os reféns do Hamas. A jovem, de 18 anos, estava desaparecida desde 7 de outubro, quando a região onde ela estava com o namorado foi invadida pelo grupo extremista.

A jovem, que trabalhava como cuidadora de crianças, estava em casa com o namorado, Dor Haide, no kibutz Be’er quando o local foi atacado pelo Hamas. Segundo as Forças de Defesa de Israel, 199 pessoas foram sequestradas pelos extremistas desde o início do conflito. A informação de que ela estava entre os reféns em Gaza foi dada pelo exército israelense à família em 14 de outubro. Uma semana depois do seu desaparecimento.


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