Economia

Confira as propostas de mudanças na tributação para super-ricos

A taxação dos investimentos da parcela mais rica da população depende de votação no Congresso Nacional e tem previsão de arrecadar cerca de R$ 54 bilhões até 2026. Caberá aos parlamentares aprovar a medida provisória que faz a tributação dos fundos exclusivos e o capital aplicado em offshores (empresas no exterior).

O governo precisa se organizar para reforçar o caixa para compensar o aumento do limite de isenção da tabela do Imposto de Renda, sancionada na última segunda-feira (28) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O dinheiro também é importante para cumprir a meta de zerar o déficit primário em 2024, conforme estipulado pelo novo arcabouço fiscal, aprovado na última semana pelo Congresso.

Com a forte resistência dos parlamentares á tributação das offshores, o governo decidiu transferir o tema para um projeto de lei e passar a tributar os fundos exclusivos, instrumentos personalizados de investimentos, com um único cotista, que exigem pelo menos R$ 10 milhões de entrada e taxa de manutenção de R$ 150 mil por ano. Nos dias de hoje, apenas 2,5 mil brasileiros aplicam nesses fundos, que acumulam patrimônio de R$ 756,8 bilhões e respondem por 12,3% da indústria de fundos no país.

Atualmente os fundos exclusivos até pagam o Imposto de Renda (IR), mas apenas no momento do resgate e com tabela regressiva, quanto mais tempo de aplicação, menor o imposto. O governo busca igualar os fundos exclusivos aos demais fundos de investimento, com cobrança semestral de IR conhecida como “come-cotas”. Além disso, quem antecipar o pagamento do imposto pagará alíquotas mais baixas.

Já sobre a taxação das offshores, que inicialmente estava em medida provisória mas foi transferida para um projeto de lei, o governo quer instituir a tributação de trusts, instrumentos pelos quais os investidores entregam os bens para terceiros administrarem. Atualmente, os recursos no exterior são tributados apenas e se o capital retorna ao Brasil. O governo estima em pouco mais de R$ 1 trilhão (pouco mais de US$ 200 bilhões) o valor aplicado por pessoas físicas no exterior.

Entenda as propostas de tributação do governo

Fundos exclusivos
Instrumento: medida provisória

Como é: tributação apenas no momento do resgate do investimento

  • Tributação: alíquota de 15% a 22,5% de Imposto de Renda sobre os rendimentos uma vez a cada semestre, por meio do mecanismo chamado “come-cotas”, a partir do ano que vem. Fundos com maiores prazos de aplicação têm alíquotas mais baixas por causa da tabela regressiva de Imposto de Renda
  • Atualização antecipada: quem optar por começar a pagar o come-cotas em 2023 pagará 10% sobre o estoque dos rendimentos, passando a pagar de 15% a 22,5% nos anos seguintes. Quem não optar, pagará só em 2024, mas com as alíquotas mais altas
  • Previsão de arrecadação: R$ 24 bilhões entre 2023 e 2026, divididos da seguinte forma:

R$ 3,21 em 2023
13,28 bilhões em 2024
3,51 bilhões em 2025
3,86 bilhões em 2026

Super-ricos pagam menos IR que servidores públicos

Os milionários no Brasil pagam menos Imposto de Renda do que servidores públicos e outras categorias profissionais de rendas média e alta. A conclusão consta de um estudo inédito publicado pelo Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional).

Feito com base nos dados do Imposto de Renda Pessoa Física 2022 (ano-base 2021), o levantamento constatou que os contribuintes que declararam, em 2021, ganhos totais acima de 160 salários mínimos (R$ 176 mil por mês ou R$ 2,1 milhões anuais) pagaram, em média, 5,43% de alíquota efetiva de Imposto de Renda (IR). Formado por 89.168 pessoas, esse contingente responde por apenas 0,25% do total de 35.993.061 declarantes do Imposto de Renda Pessoa Física no ano passado.

Essa alíquota efetiva é inferior à de muitas categorias de profissionais. Médicos pagaram, em média, 9,42% de Imposto de Renda no ano passado. Os super-ricos também pagam menos que outras categorias, como professor de ensino médio (8,94%), policiais militares (8,87%) e enfermeiro (8,77%).

Entre os servidores públicos, a alíquota média para carreiras da administração pública direta correspondeu a 9,54%, subindo para os ocupantes de outros órgãos, que ganham mais, como servidores do Ministério Público (11,83%), membro do Poder Executivo (12,15%), servidor do Poder Judiciário (12,53%), carreiras de gestão governamental e analista (13,66%), servidor do Poder Legislativo (13,76%), servidor do Banco Central (14,48%), carreiras de auditoria-fiscal e fiscalização (14,73%) e advogados do serviço público (15,66%).


Descubra mais sobre N10 Notícias

Assine para receber os posts mais recentes por e-mail.

Deixe uma resposta

Botão Voltar ao topo