A Associação dos Delegados de Polícia do estado (Adepol) fez duras críticas, nesta terça-feira (9), ao secretário de Administração do Rio Grande do Norte, Pedro Lopes. Esta decisão, divulgada através de um comunicado oficial em suas redes sociais, vem como uma resposta direta às atitudes do secretário do governo Fátima Bezerra, particularmente em relação a negociações salariais pendentes.
A raiz do conflito parece ser a experiência anterior de Lopes com a Polícia Civil. O secretário, previamente investigado pela instituição, foi acusado pela Adepol de manter uma postura “rancorosa” e “pouco profissional” nas negociações. Detalhes da desavença incluem um mandado de busca e apreensão executado na residência de Lopes, evento que a Adepol sugere como um catalisador para o comportamento retaliatório do secretário em negociações subsequentes.
O histórico de Lopes com a administração pública, particularmente durante a crise da Covid-19, é complexo. Ele coordenou iniciativas como o “RN Mais Protegido”, o “RN Mais Unido”, e o “RN Chega Junto – Solidariedade Natalina”, todos programas voltados para mitigar o impacto econômico da pandemia entre as famílias do estado. Estes programas, contudo, foram investigados pela Polícia Civil sob suspeitas de uso para fins eleitoreiros e desvio de recursos, alegações que Lopes refuta, destacando seu papel voluntário nas campanhas.
Lopes já havia criticado duramente a abordagem da delegada Karla Viviane, responsável pela investigação, implicando em tensões não resolvidas que agora parecem influenciar as relações entre a Adepol e a administração estadual.
Na nota emitida pela Adepol, a associação expressa uma profunda insatisfação com o rumo das negociações salariais e medidas de proteção, decidindo por uma suspensão imediata de várias formas de cooperação com o governo estadual. Dentre as decisões tomadas, destaca-se a suspensão da comunicação social relacionada ao trabalho policial e o término do trabalho extraordinário remunerado. Estas ações indicam um endurecimento na postura dos delegados em resposta às atitudes de Lopes.
Segue a nota integral da Adepol, como publicada:
“Em assembleia realizada na manhã de hoje, 09, a categoria dos Delegados de Polícia tomou decisões importantes, sinalizando que está insatisfeita com os rumos que a negociação para reposição salarial e proteção do CRI tomou junto ao Governo do Estado.
A ADEPOL não irá negociar com o Secretário de Administração, Pedro Lopes, que tem apresentado comportamento pouco profissional e rancoroso com a Polícia Civil possivelmente pelo fato de ter sido investigado pela Instituição, inclusive com um mandado de busca e apreensão cumprido em sua residência. Infelizmente, e de maneira lamentável, o secretário não soube separar as coisas, e tem agido, de forma bastante clara, com o objetivo de retaliar qualquer tratativa do Governo do RN junto aos Delegados de Polícia e toda a Polícia Civil.
Ficou decidido, igualmente, pela suspensão da comunicação social. Os Delegados de Polícia não irão mais alimentar a comunicação social do Governo do RN com os resultados dos trabalhos desenvolvidos em suas unidades, qualquer informação será prestada apenas pessoalmente, a bem do sigilo da investigação e em conformidade com o decidido na assembleia.
As constantes operações policiais, que se tornaram rotina no RN, estão suspensas, uma vez que dependem do trabalho extraordinário dos Delegados de Polícia, que laboram fora do seu horário de expediente, planejando, fundamentando e executando as ações da Polícia Civil.
Finalmente, deliberou-se pelo fim integral do trabalho extraordinário remunerado através de diárias operacionais. Se eventualmente a Diretoria Executiva da ADEPOL sinalizar nesse sentido após a reunião que irá ocorrer no dia de hoje, às 15 horas, com o Governo do RN, os Delegados de Polícia não serão mais voluntários para os plantões Regionais e demais eventos propostos pela Administração Superior da Polícia Civil e Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social.”
