O mundo está enfrentando atualmente a quarta onda global de branqueamento de corais, um fenômeno alarmante que tem se intensificado devido ao aquecimento contínuo dos oceanos. Segundo cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), esta crise é a segunda a ocorrer nos últimos dez anos e se estende por vastas regiões do Atlântico, Pacífico e Oceano Índico.
Os eventos de branqueamento são monitorados pelo Coral Reef Watch (CRW) da NOAA, que utiliza dados de temperatura da superfície do mar coletados desde 1985. Esses dados revelam que o estresse térmico responsável pelo branqueamento tem sido extenso, afetando regiões tropicais diversas, desde a Flórida e o Caribe até o Brasil e a Grande Barreira de Corais na Austrália.
Derek Manzello, coordenador do CRW, destacou que, de fevereiro de 2023 a abril de 2024, o “branqueamento” significativo foi documentado em ambos os hemisférios de cada bacia oceânica principal. “À medida que os oceanos do mundo continuam a aquecer, o branqueamento de corais está se tornando mais frequente e severo“, acrescentou Manzello, enfatizando os prejuízos àqueles que dependem dos recifes de corais para sua subsistência.
Esforços e estratégias de conservação
Em resposta a esta crise ambiental crescente, a NOAA tem reforçado suas práticas de gestão baseadas na resiliência e a ênfase na restauração de corais. Jennifer Koss, diretora do Programa de Conservação de Recifes de Coral da NOAA, explicou que a agência está na linha de frente da pesquisa, gestão e restauração de recifes de corais, implementando ativamente as recomendações do relatório de intervenções de 2019, que visa aumentar a resiliência dos recifes de corais.
Além disso, a onda de calor de 2023 na Flórida foi descrita como sem precedentes, começando mais cedo, durando mais tempo e sendo mais severa do que qualquer evento anterior na região. Durante o evento de branqueamento, a NOAA implementou várias intervenções para mitigar os danos aos corais, incluindo o realocamento de viveiros de corais para águas mais profundas e mais frias e a instalação de sombras para proteger os corais.
A Iniciativa Internacional para os Recifes de Coral (ICRI), co-presidida pela NOAA, e seus membros internacionais estão compartilhando e aplicando ações de gestão baseadas na resiliência e lições aprendidas com as ondas de calor marinhas de 2023 na Flórida e no Caribe. Essas ações estão ajudando a avançar nas intervenções e restaurações de corais diante das mudanças climáticas.
Consequências e Perspectivas
O branqueamento de corais não só impacta a saúde dos oceanos, mas também afeta a segurança alimentar, economias locais e meios de subsistência das pessoas. Embora os corais possam se recuperar se as temperaturas caírem e outros estressores, como a sobrepesca e a poluição, forem reduzidos, o panorama é desolador. A WWF estima que já perdemos entre 30% a 50% dos recifes de corais globais, e esses poderiam desaparecer completamente até o final do século sem intervenções significativas.
Este quadro serve como um alerta claro dos perigos iminentes que o aquecimento global representa para os ecossistemas vitais e destaca a urgência de ações globais concertadas para combater as mudanças climáticas e preservar a biodiversidade marinha. O futuro dos recifes de corais e das inúmeras espécies que dependem deles está em jogo, exigindo uma resposta rápida e eficaz à escala global.
