Ciência

Jejum intermitente pode ajudar no combate ao Alzheimer

Nos EUA, um em cada nove adultos com mais de 65 anos é afetado pelo Alzheimer. Esta doença neurodegenerativa tem frustrado os cientistas por décadas, sem uma cura conhecida. No entanto, um estudo recente pode ter encontrado uma forma promissora de enfrentar um dos seus aspectos mais debilitantes.

A doença de Alzheimer não apenas compromete a memória e outras funções cognitivas. Uma das principais perturbações causadas pela doença é a interrupção do ritmo circadiano, o relógio biológico interno que regula muitos dos nossos processos fisiológicos. Cerca de 80% dos pacientes com Alzheimer enfrentam dificuldades em dormir, piora da função cognitiva à noite e uma alteração geral do ciclo sono/vigília.

Paula Desplats, neurocientista da Universidade da Califórnia, San Diego, menciona: “Durante anos, assumimos que as interrupções circadianas vistas em pessoas com Alzheimer são resultado da neurodegeneração. No entanto, estamos descobrindo que pode ser o contrário.

Jejum intermitente como uma possível solução

Placas amilóides (azuis e vermelhas) no cérebro de um camundongo. (Ciências da Saúde da UC San Diego)

Um time de pesquisadores das universidades da Califórnia, em San Diego e Los Angeles, realizou um estudo inovador com modelos animais. A pesquisa focou em ajustar o relógio circadiano dos animais, implementando um programa de alimentação restrito ao tempo – uma forma de jejum intermitente.

Os resultados foram surpreendentes. Os camundongos mostraram melhora significativa na função da memória e houve menos acúmulo de proteínas amiloides, associadas ao Alzheimer, em seus cérebros. Além disso, estes animais apresentaram padrões de sono mais regulares, menor hiperatividade à noite e menos interrupções do sono.

Mas as descobertas não pararam aí. A equipe de pesquisa também observou mudanças até mesmo no nível molecular. Em camundongos alimentados com um cronograma restrito, genes associados ao Alzheimer e à neuroinflamação foram expressos de maneira diferente. O esquema de alimentação ajudou a reduzir a quantidade de proteína amiloide acumulada no cérebro – um marco conhecido do Alzheimer.

Paula Desplats reitera: “A alimentação restrita ao tempo é uma estratégia que as pessoas podem facilmente e imediatamente integrar em suas vidas. Se pudermos reproduzir nossos resultados em humanos, essa abordagem poderia ser uma maneira simples de melhorar dramaticamente a vida das pessoas que vivem com Alzheimer e daqueles que cuidam delas.”

A importância da alimentação restrita ao tempo

Os pesquisadores optaram por uma janela de alimentação de seis horas, o que, para humanos, equivaleria a jejuar por 14 horas em cada ciclo de 24 horas. Esta estratégia parece ajudar a redefinir os ritmos circadianos naturais que o Alzheimer havia interrompido.

Daniel Whittaker, PhD, pesquisador pós-doutorado no Laboratório Desplats, liderou os experimentos e análises com os camundongos. Ele ressalta a importância deste estudo: “Estimular o relógio circadiano é uma abordagem emergente para melhorar os resultados de saúde.

Os atuais tratamentos do Alzheimer não visam a disfunção circadiana. Porém, essa pesquisa apresenta uma nova perspectiva. Se tais resultados forem confirmados em humanos, a alimentação restrita ao tempo poderia oferecer um tratamento acessível e eficaz.

Mais do que uma terapia medicamentosa, essa abordagem representa uma mudança de estilo de vida. “Ao invés de depender de medicamentos, estamos olhando para ajustes no estilo de vida que podem ter um impacto profundo“, menciona Desplats.

A luta contínua contra o Alzheimer

O Alzheimer é considerado por muitos como o maior desafio de saúde iminente nos EUA, afetando mais de 6 milhões de americanos. Embora a doença continue a ser um enigma, pesquisas como essa trazem esperança.

A doença não afeta apenas o paciente, mas também os cuidadores e a família. Paula Desplats lembra que “As interrupções circadianas no Alzheimer são a principal causa de internação em casas de repouso. Qualquer coisa que possamos fazer para ajudar os pacientes a restaurar seu ritmo circadiano fará uma enorme diferença.

Este estudo, embora em estágio inicial, representa um marco na compreensão e no tratamento potencial do Alzheimer. Como em toda pesquisa, são necessários mais estudos e testes em humanos. No entanto, o futuro parece promissor, especialmente quando consideramos abordagens inovadoras que vão além da medicação.


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Romário Nicácio

Administrador de redes, estudante de Ciências e Tecnologia (C&T) e Jornalismo, que também atua como redator de sites desde 2009. Co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, com um amplo conhecimento em diversas áreas. Com uma vasta experiência em redação, já contribuí para diversos sites de temas variados, incluindo o Notícias da TV Brasileira (NTB) e o Blog Psafe. Sua paixão por tecnologia, ciência e jornalismo o levou a buscar conhecimentos nas áreas, com o objetivo de se tornar um profissional cada vez mais completo. Como co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, tenho a oportunidade de explorar ainda mais minhas habilidades e se destacar no mercado, como um profissional dedicado e comprometido com a entrega de conteúdo de qualidade aos seus leitores. Para entrar em contato comigo, envie um e-mail para romario@oportaln10.com.br.

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