Política

Comissão da Câmara aprova PL que proíbe o casamento homoafetivo

Em um movimento que gerou bastante controvérsia na Câmara dos Deputados – nesta terça-feira (11), a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família votou a favor de um projeto que busca proibir o casamento homoafetivo no Brasil. Esta iniciativa levanta uma série de questões legais e sociais, principalmente ao considerar a atual posição do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a união homoafetiva.

Por uma margem de 12 votos a 5, a proposta de proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo foi aprovada. A nova categoria de união civil proposta no projeto é uma resposta direta ao reconhecimento, pelo STF, das uniões homoafetivas como entidades familiares desde 2011. A medida, se aprovada e sancionada, poderia ter repercussões significativas para casais homoafetivos que atualmente gozam de direitos legais protegidos.

Argumentos apresentados

O relator do projeto, deputado Pastor Eurico (PL-PE), afirmou que a responsabilidade de deliberar sobre o casamento homoafetivo deve recair sobre o Poder Legislativo, e não sobre o STF. Além disso, ele enfatizou que “o casamento tem a finalidade da procriação“, argumentando que a união homoafetiva não poderia se encaixar nesse critério. Estas afirmações foram criticadas por outros deputados.

Entenda o projeto

O texto votado proíbe qualquer união de pessoas do mesmo sexo e cria a possibilidade de que elas possam constituir “união homoafetiva por meio de contrato em que disponham sobre suas relações patrimoniais”.

Na prática, a união homoafetiva, de acordo com o documento, entraria em um novo dispositivo legal, “a fim de permitir que pessoas do mesmo sexo possam, exclusivamente para fins patrimoniais, constituir união homoafetiva por meio de contrato”.

Pelo texto, as partes de uma união homoafetiva são consideradas “contratantes”, a união em si denominada como “contrato” e os dispositivos “casamento” e “união estável” ficam restritos às relações heterossexuais.

Qualquer lei ou norma que preveja união estável ou casamento homoafetivo representa afronta direta à literalidade do texto constitucional”, diz Pastor Eurico.

Reações parlamentares

A reação dentro da Câmara foi marcada por tensão. Vários deputados, contrários à proposta, apontaram a inconstitucionalidade da mesma, lembrando que muitos casais homoafetivos já adotaram crianças e que a adoção foi completamente ignorada no relatório. Outras preocupações levantadas incluíram a revogação de direitos previdenciários e civis para casais que já haviam formalizado suas uniões.

Em contrapartida, os deputados a favor do projeto reforçaram sua posição, afirmando que os direitos citados pelos oponentes eram baseados em decisões do STF, que, segundo eles, não tinham embasamento legal adequado.

O caminho à frente

O projeto agora seguirá para análise em outras comissões antes de, potencialmente, chegar ao Senado. A proposta traz à tona questões cruciais sobre igualdade, direitos civis e a divisão de poderes no Brasil. Com a comunidade LGBTQIA+ e seus aliados se mobilizando contra a medida, o debate promete se acirrar nas próximas etapas do processo legislativo.

No cerne desta discussão está a luta pela igualdade e reconhecimento, e a decisão final terá um impacto significativo não apenas para os casais homoafetivos, mas para todo o país. Resta agora acompanhar de perto os próximos capítulos deste embate no cenário político brasileiro.


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Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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