Saúde

Herpes ocular em crianças pode ser desencadeado por estresse

O herpes ocular, uma condição oftalmológica que tem passado despercebida, ganhou destaque nas últimas semanas devido a um caso alarmante envolvendo uma jovem fã do grupo RBD. Este incidente abriu um debate importante sobre a prevalência e os riscos do vírus do herpes simples (HSV-1), especialmente em crianças. Estudos indicam que 60 a 80% da população mundial é portadora desse vírus, que pode se manifestar de maneiras distintas e, em alguns casos, levar a complicações sérias na saúde ocular.

Para entender melhor essa condição, conversamos com a Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra e especialista em estrabismo. A entrevista foi concedida ao N10, e aqui iremos compartilhar informações valiosas da Dra. Marcela sobre o assunto.

Herpes na infância

Em geral, a infecção pelo herpes simples ocorre na infância. A criança pode contrair o vírus, mas isso não significa que ela vai desenvolver uma crise de herpes.

Em outros casos, a infecção é assintomática. O problema do vírus do herpes é que ele se instala nos gânglios sensoriais do nervo trigêmeo e fica adormecido. Uma vez que o vírus se instalou no organismo, ele ficará para sempre”, explica Dra. Marcela.

Estresse pode desencadear crises de herpes

O vírus do herpes pode “acordar” em situações como períodos de muito estresse, em pessoas com baixa imunidade, em quadros febris, após cirurgias, traumas no local e até mesmo devido à exposição ao sol.

Entre os sintomas do herpes ocular podemos citar:

  • Dor de cabeça
  • Irritação nos olhos
  • Vermelhidão
  • Sensação de ter areia nos olhos
  • Lacrimejamento
  • Sensibilidade à luz
  • Coceira

Quando a infecção atinge apenas as pálpebras, os sintomas são parecidos ao quadro de herpes da cavidade oral e lábios. Tudo começa com uma coceira, seguida do surgimento de bolhas, que se transformam em feridas bastante doloridas. Estas lesões cicatrizam e as crostas caem. Contudo, a principal preocupação do herpes ocular é exatamente quando o vírus infecta a conjuntiva, córnea e, finalmente, a retina”, alerta Dra. Marcela.

De qualquer modo, vale reforçar que é muito raro um quadro de herpes na retina, como o caso da fã do RBD.

Quando o herpes atinge a retina pode ocorrer um quadro de necrose retiniana aguda (NRA). Esta condição pode ocorrer isoladamente, mas na maioria dos casos é seguida de um quadro de herpes orofacial. O embaçamento visual é bem comum, podendo vir acompanhando de moscas volantes e dor importante nos olhos. Infelizmente, o desfecho costuma ser ruim e evoluir para perda visual”, conta Dra. Marcela.  

Herpes ocular exige diagnóstico diferencial

O principal problema do herpes ocular é que é preciso realizar um diagnóstico mais apurado, já que nem sempre há presença de lesões aparentes. “O quadro do herpes ocular lembra muito o de uma conjuntivite. A principal diferença é que a conjuntivite costuma afetar os dois olhos ao mesmo tempo e o herpes apenas um dos olhos”, diz a oftalmologista.

Também é importante dizer que o herpes que atinge a boca, lábios e as pálpebras pode migrar para dentro do globo ocular.

A importância da atenção ao herpes ocular

O herpes ocular, apesar de ser uma condição menos prevalente do que outras formas de herpes simples, exige uma atenção especial, principalmente no que diz respeito às crianças. Como destacado pela Dra. Marcela Barreira, a conscientização sobre os sintomas e a necessidade de um diagnóstico preciso são fundamentais para evitar complicações sérias.

A história da jovem fã do RBD que perdeu a visão é um lembrete sombrio de quão grave essa condição pode se tornar. Pais e cuidadores devem estar atentos aos sinais de alerta e procurar assistência médica imediatamente se suspeitarem de herpes ocular. O estresse, um gatilho comum para crises de herpes, também merece atenção especial, especialmente em tempos desafiadores.

O tratamento imediato e adequado, como enfatizado pela Dra. Marcela ao N10, pode prevenir o agravamento da condição e preservar a saúde ocular. “Normalmente, o tratamento do herpes nos olhos pode ser feito com antivirais tópicos ou orais. Já os pacientes que apresentam crises recorrentes do herpes ocular, podem ter uma recomendação de realizar um tratamento profilático, para evitar novas crises”.


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Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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