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Sócio da 123 milhas admite ‘desafios financeiros’ para reembolsar clientes

O sócio da 123 milhas, Ramiro Júlio Soares Madureira, compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (6). Em um depoimento revelador, Madureira admitiu que a empresa não tem fluxo de caixa suficiente para reembolsar os clientes afetados pelo encerramento da modalidade “promo“.

A situação ficou mais tensa quando ele revelou que a decisão de suspender a venda de pacotes e a emissão de passagens dessa linha afetou os consumidores que já tinham adquirido o serviço. Diante de várias perguntas do deputado federal Carlos Viana (PSD-RJ), o empresário afirmou que precisaria de “tempo e um plano” para efetuar os reembolsos.

Uma série de revelações

Durante o interrogatório, Madureira explicou que a empresa vendia passagens com base em previsões de malha aérea, uma prática que despertou espanto entre os membros da CPI. Ele também afirmou que, no caso de mudanças por parte da empresa aérea, os clientes seriam reembolsados, mas a realidade atual demonstra uma falta de recursos para isso.

Indícios de pirâmide financeira

O presidente da CPI, deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), não ficou convencido com as justificativas. Para ele, há indícios de que a 123 milhas realizou um esquema de pirâmide financeira, dadas as promessas de “retorno exorbitante” a partir de vendas de passagens aéreas muito abaixo do valor praticado no mercado, “necessidade de recrutamento contínuo” e publicidade intensa para viabilizar esse chamamento, além da falta do produto real. A suspensão das passagens e a falta de reembolsos foram consideradas como “calote” nos consumidores.

Defesa e consequências

Na sua defesa, Madureira negou qualquer ilicitude e enfatizou que a 123 Milhas é uma agência de viagens online legítima. Ele citou que, nos últimos anos, mais de 18 milhões de passageiros foram embarcados pela empresa. No entanto, ele admitiu que o modelo da linha Promo falhou em sua sustentabilidade e causou uma série de problemas financeiros para a empresa, resultando em um pedido de recuperação judicial.

Futuro incerto

Madureira informou que, por enquanto, a suspensão recai apenas sobre os clientes que efetuaram compras entre setembro e dezembro de 2023. Ele completou dizendo que o ressarcimento depende do andamento da recuperação judicial e das tratativas com os órgãos públicos. Este último detalhe é crucial, já que representa uma pequena luz no fim do túnel para os clientes afetados.

Uma solução em vista?

O depoimento na CPI colocou a 123 milhas sob os holofotes de uma maneira não muito lisonjeira. Enquanto Madureira e outros membros da empresa acreditam em um futuro onde os clientes serão ressarcidos e a operação retomada, a confiança do consumidor está abalada. Resta esperar para ver como a empresa navegará nestas águas turbulentas e quais medidas serão tomadas para reparar o dano causado aos seus clientes e à sua reputação.

Esperamos que a 123 Milhas encontre uma saída para esse imbróglio e possa cumprir com suas obrigações para com os consumidores. O caso segue em desenvolvimento e é de extrema importância para os órgãos reguladores, a indústria de viagens e, acima de tudo, para os clientes que se sentem lesados.


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Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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