Economia
Tendência

Cada dia pior: R$ 1 de hoje equivale a apenas R$ 0,12 da época do Plano Real

No aniversário de 30 anos do Plano Real, o poder de compra do brasileiro sofre uma significativa erosão devido à inflação acumulada de 708% desde 1º de julho de 1994. Essa taxa inflacionária, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mostra que R$ 1 hoje possui o equivalente a R$ 0,12 do valor original da época do lançamento do real.

O Plano Real, lançado durante o governo de Itamar Franco com Fernando Henrique Cardoso à frente do Ministério da Fazenda, foi importante para estabilizar a economia brasileira, que enfrentava uma hiperinflação devastadora. Na década de 1990, o Brasil vivia um cenário inflacionário caótico, com taxas anuais ultrapassando 2.500%. O plano foi um marco, conseguindo reduzir drasticamente a inflação e estabilizar a economia.

No entanto, de lá para cá, a desvalorização do real é evidente. Para comprar o que R$ 1 comprava em 1994, hoje são necessários R$ 8,08. Este efeito inflacionário se reflete no valor das cédulas da época:

  • R$ 5 da época equivalem a R$ 40,40 hoje.
  • R$ 50 da época correspondem a R$ 404,01 atualmente.
  • R$ 100 da época seriam R$ 808,02 hoje.

Outras notas

Além das notas de R$ 1, R$ 5, R$ 10 e R$ 100, lançadas inicialmente pelo Plano Real, cédulas de outros valores foram introduzidas ao longo dos anos:

  • Em dezembro de 2001, foi lançada a nota de R$ 2. Para ter o mesmo poder de compra da época de seu lançamento, seriam necessários R$ 7,69 hoje. A inflação acumulada desde então é de 284,63%, segundo o Banco Central do Brasil (BC).
  • Em junho de 2002, chegou às ruas a nota de R$ 20. Atualmente, para ter o poder de compra de quando foi lançada, seriam necessários R$ 74,56. O IPCA acumulado deste período é de 272,78%.
  • A última nota a ser criada foi a de R$ 200, que começou a circular em 2 de setembro de 2020, em meio à pandemia de Covid-19. Em quase três anos, a inflação acumulou uma alta de 29,29%, e hoje seriam necessários R$ 258,59 para ter o mesmo poder de compra.

Impacto no dia a dia: poder de compra e estratégias de consumo

Para a população, a perda do poder de compra é sentida diariamente. A aposentada Maria Aldenora Mendes Felix, de São José de Mipibu, compartilha sua experiência:

Hoje, faço compras em atacados para conseguir comprar mais comida com o pouco que recebo da aposentadoria. A cada mês, os preços aumentam e o dinheiro parece valer menos.” A estratégia de Maria, como a de muitos brasileiros, é buscar locais que oferecem preços mais baixos para esticar o orçamento.

O também aposentado Adriano Raimundo dos Santos, de Natal, compartilha sua experiência:

Eu sempre pesquiso muito os preços para poder fechar as contas da feira. Percebo que a cada mês, compro menos e gasto mais. Além da comida, os gastos com energia, água, gás e internet estão subindo de forma absurda.”

O impacto contínuo da inflação

O cenário atual destaca os desafios contínuos que o Brasil enfrenta em manter o poder de compra da moeda, mesmo após 30 anos da implementação do Plano Real. O Banco Central observa que, embora a inflação tenha sido controlada em grande parte das últimas três décadas, crises econômicas internas e internacionais ocasionalmente pressionam os índices inflacionários.

Entre julho de 1993 e junho de 1994, no período que antecedeu a implementação do real, a inflação chegou a quase 5.000% em 12 meses. Desde então, embora o IPCA tenha raramente ultrapassado 9% ao ano, o impacto acumulado ao longo do tempo resulta em uma significativa desvalorização do poder de compra do real.


Descubra mais sobre N10 Notícias

Assine para receber os posts mais recentes por e-mail.

Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

Deixe uma resposta

Botão Voltar ao topo