Concurso público

Não basta escrever bem! Como fazer uma boa redação para concurso?

O tipo de texto mais cobrado nas redações de concurso público é o dissertativo-argumentativo, no qual o candidato deve expor uma opinião acompanhada de argumentos consistentes. Por isso, para fazer uma boa redação em provas de concurso, não basta escrever bem. É preciso estar a par das principais discussões da atualidade e ter argumentos para defender seu ponto de vista.

Pensando nisso, o N10 consultou uma especialista no tema, afim de esclarecer os elementos que podem fazer da sua redação uma porta de entrada para o funcionalismo. A Doutoranda em Linguística (NOVA, Lisboa), Mariana Silva, revelou detalhes sobre como fazer uma boa redação e alcançar bons resultados em um concurso.

“A produção textual avaliada em concurso público segue padrões pré-estabelecidos para o processo seletivo, ou seja, o tipo de texto (gênero textual) solicitado normalmente é pré-determinado em edital pela banca examinadora, e o gênero dissertativo-argumentativo aparece com bastante frequência em provas de nível Médio e Superior“, iniciou Silva.

“Esse gênero textual segue um padrão de estruturação e de critérios linguísticos, porém, para além do domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa, a qual corresponda ao tema de maneira coesa e coerente, conseguirá sobressair ao olhar do avaliador da redação, o candidato que apresentar argumentos claros, objetivos e contundentes, de maneira persuasiva (convencendo o leitor de algo) – ou dissuasiva (convencendo o leitor a não aceitar algum ponto de vista defendido)”, complementou.

Para a doutoranda, é importante que o candidato construa argumentos sólidos e convincentes para suas redações em concursos públicos. “Os argumentos baseados em dados referenciados são o caminho para os parágrafos destinados ao desenvolvimento do texto. Alguns tipos de argumentação podem ocorrer por meio de citações (obras literárias, canções). Por menções de entidade ou autoridade no assunto (ministro da Educação para falar sobre o panorama do ensino no Brasil, por exemplo). Por provas concretas, veiculadas na mídia (notícias, artigos, anúncios publicitários). Dados estatísticos fornecidos por organizações (IBGE, ONU, Funai, IPHAN). Por causa e consequência (destrinchando os fatos, respondendo às perguntas ‘Quando?’, ‘Onde?, ‘Como?’). Como também por competência linguística (linearidade de ideias e modalização da linguagem – talvez a mais importante!)”, afirmou.

Quando modalizamos a linguagem, somos capazes de convencer alguém por meio da nossa retórica, basicamente a depender da escolha das nossas palavras, por exemplo, em vez de ‘É preciso que haja soluções para a problemática’, optar por ‘É urgente haver soluções eficazes para a problemática’ (eliminação do ‘que’, a fim de evitar o queísmo exaustivo e acréscimo do adjetivo ‘eficazes’ para apontar o tom de indignação do autor)”, enfatizou a doutoranda.

Mariana Silva, que também é Mestra em Estudos da Linguagem (UFRN), destacou que para se construir um texto não existe segredo, é preciso praticar. “Na verdade, existem verdadeiras receitas prontas para se construir um texto, mas para dominar a técnica da prova a qual o candidato será submetido não há segredo: é preciso praticar! Um texto em prosa precisa ser minimamente estruturado em parágrafos e propor uma intervenção como parte das ideias conclusivas. Há quem estruture em tópicos e não hesite em fazer rascunho – certamente a decisão mais segura. E outro quesito fundamental é estabelecer relações entre os períodos/ideias com elementos coesivos de progressão textual (interligar as partes do texto, por meio de conjunções e expressões de retomada ou antecipação, por exemplo, evitando um recorte de ideias soltas)”, pontuou.

Confira como se preparar para um concurso público

Como parte da jornada de preparação para escrever bem uma redação, estar inteirado sobre as discursões atuais é fundamental. Desse modo, o concorrente pode expressar melhor suas opiniões e discorrer com maior domínio sobre o tema, como ressalta a Doutoranda em Linguística, ouvida pelo N10.

“As discussões propostas em uma redação certamente estarão relacionadas à atualidade. Então, faz parte do processo de formação do cidadão estar a par das mudanças na sociedade. Propondo pautas significativas e contribuindo para a evolução e o convívio das pessoas. Sendo assim, ter opinião a respeito de assuntos polêmicos ou inovadores é importante nesse processo de preparação. Pois não apenas o tema da produção textual estará interligado a isso. Além disso, o indivíduo estará contribuindo com o processo de construção da própria sociedade o qual faz parte.”

Ela ainda pontuou quais são os erros mais comuns que os candidatos cometem nessas redações e como podem ser evitados. “Os desvios gramaticais mais recorrentes em redações de diferentes níveis de escolaridade estão relacionados ao uso da vírgula e da crase. Pois há regras e exceções. A fim de evitar a perda de pontos nesses quesitos. Vale a pena consultar materiais a respeito do assunto, mas também, praticar”, afirmou.

“Outro fator de relevância para o cumprimento dos critérios de avaliação em uma prova de produção textual é se atentar para não tangenciar o tema. Estará apresentado na proposta de redação um comando que precisa ser objetivamente, claramente e rigorosamente cumprido. O que também se faz com a execução da maior quantidade de textos e de assuntos variados possíveis”, concluiu.

Segundo Mariana Silva, os candidatos podem melhorar a capacidade de analisar criticamente um tema e desenvolver uma opinião fundamentada através da prática de exercícios. “A melhor maneira para aprimorar o processo de escrita é por meio do exercício. Cada pessoa possui formas distintas no desenvolvimento da aprendizagem: uns apreendem o conteúdo por meio do sentido da visão (mapas mentais, vídeos interativos), outros por meio da audição (podcasts, palestras). Outros por meio da codificação das ideias em tópicos (fichamentos, post-its)”, enfatizou.

“É importante que um candidato em preparação identifique suas metodologias de estudo, mas que nunca deixe de praticar, porque a fundamentação de um tema virá a partir dos conhecimentos prévios, somados à técnica de escrita. O conhecimento de mundo e o acesso à informação fomentam essa jornada, uma vez que é preciso buscar veículos de comunicação confiáveis e verídicos, e isso somente se dará por meio do quantitativo de estudo. Quem mais lê, mais aprende, e consegue julgar e ponderar criticamente do que se trata (a menos que seja uma questão de sorte!)”, finalizou.


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