Lula insiste na criação de moeda entre países da América do Sul

Proposta ocorreu durante encontro que tem como objetivo avançar em nas novas formas de integração continental e manter diálogo permanente entre os presidentes sul-americanos

Nesta terça-feira (30) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs na cúpula de países sul-americanos promovida pelo Brasil, a criação de uma moeda comum para fins comerciais entre os 12 países da América do Sul.

O encontro tem como objetivo avançar nas novas formas de integração continental e manter diálogo permanente entre os presidentes. Como uma das propostas, Lula sugeriu a criação “de uma unidade de referência comum para o comércio, reduzindo a dependência de moedas extrarregionais

Lula discursou durante encontro dos líderes da América do Sul
Foto: Wilton Junior / Estadão

Segundo o presidente a iniciativa seria uma forma de “aprofundar nossa identidade sul-americana também na área monetária” contribuindo positivamente com as demais moedas. A proposta não é fazer a trocar o real ou as moedas nacionais dos demais países, de uso corrente pela população, mas instituir uma apenas para pagamentos de importações e exportações.

Lula deixou claro que “sonha” com a criação de uma moeda para fins de comércio exterior como o Euro, da União Europeia, pelos países dos BRICS. Ele disse que espera ver essa discussão avançar no Novo Banco de Desenvolvimento, instituição financeira criada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Demais propostas apresentadas por Lula

Ao todo o presidente brasileiro fez dez propostas aos pares sul-americanos, além da moeda comum. Para a economia ele sugeriu colocar a poupança regional a serviço do desenvolvimento econômico e social, mobilizando os bancos de desenvolvimento como a CAF, o Fonplata, o Banco do Sul e o BNDES;

Para uma regulação com êxito o presidente busca implementar iniciativas de convergência regulatória, facilitando trâmites e desburocratizando procedimentos de exportação e importação de bens. Atualização da cooperação afim de ampliar os mecanismos de cooperação de última geração, que envolva serviços, investimentos, comércio eletrônico e política de concorrência;

Ao que diz respeito a infraestrutura, atualizar a carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (COSIPLAN), reforçando a multimodalidade e priorizando propostas de alto impacto para a integração física e digital, especialmente nas regiões de fronteira.

Já com relação ao meio ambiente desenvolver ações coordenadas para o enfrentamento da mudança do clima. Na área da saúde reativar o Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, a fim de permitir adotar medidas para ampliar a cobertura vacinal, fortalecer o complexo industrial da saúde na região e expandir o atendimento a populações carentes e povos indígenas.

Ao falar sobre a energia lançar a discussão sobre a constituição de um mercado sul-americano de energia, que assegure o suprimento, a eficiência do uso dos recursos da região, a estabilidade jurídica, preços justos e a sustentabilidade social e ambiental. Para a educação criar um programa de mobilidade regional para estudantes, pesquisadores e professores no ensino superior, algo que foi importante na consolidação da União Europeia.

Em defesa, retomar a cooperação na área de defesa com vistas a dotar a região de maior capacidade de formação e treinamento, intercâmbio de experiências e conhecimentos em matéria de indústria militar, de doutrina e políticas de defesa.

Divergência com presidente do Uruguai

Na última segunda-feira (29) o presidente Uruguai, Luis Lacalle Pou afirmou estar “surpreso” ao ouvir que as acusações de que a Venezuela vive sob uma ditadura eram “narrativas”.

Mas Lacalle Pou não citou em momento algum em seu discurso o presidente Lula, que um dia antes chamara de “narrativa” as acusações contra o regime venezuelano ao fazer um pronunciamento ao lado do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Brasília.

“Fiquei surpreso quando se disse que o que se passou na Venezuela é uma narrativa. Vocês sabem o que pensamos a respeito da Venezuela, do governo da Venezuela”, afirmou o presidente uruguaio.

As críticas ocorreram durante uma reunião fechada na cúpula de presidentes sul-americanos, organizada por Lula no Palácio do Itamaraty. Lacalle Pou ignorou o status de encontro reservado entre os líderes e transmitiu suas declarações em uma live.

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