Saúde

Câncer de Pele: saiba como minimizar os riscos e se proteger

Uma das primeiras coisas que aprendemos na vida é que “o sol queima se ficarmos expostos por muito tempo”, mas os efeitos da radiação solar na pele vão muito além disso, podendo causar a longo prazo o temido câncer de pele. Em um país tão ensolarado quanto o Brasil, os riscos são ainda maiores, especialmente nesta época do ano, em que as pessoas costumam se expor mais ao sol e aos efeitos da radiação ultravioleta (UV).

Em um país em que o bronzeado é tão valorizado é natural que as pessoas queiram curtir o verão, irem a praia e garantirem aquela marquinha do biquíni. Contudo, para além da marca temporária e superficial das queimaduras mais leves de sol, outras marcas podem se acumular na pele, indo muito além do veraneio.

Consequência de uma vida inteira de exposição ao sol, o câncer de pele é um dos mais frequentes no país. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, a doença corresponde a 27% de todos os tumores malignos do país.

Neste cenário, se torna ainda mais importante entender mais sobre o câncer de pele, quais tipos existem, quem está mais propenso a desenvolver e quais cuidados tomar para minimizar os riscos à saúde. Contudo, como acontece em outros casos de câncer, o diagnóstico precoce é sempre o fator mais importante para aumentar as chances de cura.

Tipos de câncer de pele

Existem vários tipos de câncer de pele, mas existem três que costumam constituir a maioria dos casos: o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma.

Consultado pelo Portal N10, o dermatologista da Liga Norte-rio-grandense Contra o Câncer, Dr. Joseli Batista, explicou sobre os tipos de câncer existentes, como se prevenir e sobre a importância do diagnóstico precoce. De acordo com o especialista, o tipo mais comum de câncer de pele é o carcinoma basocelular.

Referência no tratamento contra o câncer no RN, a Liga Norte-rio-grandense Contra o Câncer também trata casos de câncer de pele. (Foto: Reprodução / Liga Norte-rio-grandense Contra o Câncer)
Referência no tratamento contra o câncer no RN, a Liga Norte-rio-grandense Contra o Câncer também trata casos de câncer de pele. (Foto: Reprodução / Liga Norte-rio-grandense Contra o Câncer)

“O carcinoma basocelular é o mais frequente, mas ao mesmo tempo é o menos agressivo. Ele tem um comportamento mais benigno por não se espalhar, não dá metástase”, iniciou o médico. “O carcinoma espinocelular seria um tipo intermediário em termos de frequência, em comparação com os outros tipos, mas existe nele a possibilidade de metástase”, continuou o especialista.

Apesar de não ser o tipo mais comum de câncer de pele, o melanoma ainda é o mais grave e perigoso. Estima-se que anualmente seja responsável por 8,4 mil casos novos no Brasil, cerca de 10% dos casos de câncer de pele no país, de acordo com o Ministério da Saúde.

“O melanoma felizmente é o menos frequente entre os três, mas é o mais agressivo, ele pode dar metástase, o que ocorre frequentemente, principalmente quando o diagnóstico é mais tardio. Para ocorrer a metástase é necessário que o tumor atinja a segunda camada da pele, a derme. Principalmente no caso do melanoma é muito importante o diagnóstico precoce”, alertou o médico.

Em casos em que é descoberto no seu estágio inicial, o melanoma tem mais de 90% de chance de cura. Apesar disso, em casos em que ocorra a metástase as chances de sobrevida são baixas.

Quando devo procurar um dermatologista?

Enquanto em outras doenças os sintomas costumam ser determinantes para levar o paciente ao consultório médico, no caso do câncer de pele é importante ficar atento aos comportamentos das lesões, manchas e sinais na pele. Questões como cor, formato e crescimento podem servir de alerta para a necessidade de procurar um dermatologista.

“Se você tem uma lesão, inicialmente com o mesmo aspecto de um sinal, mas que surgiu recentemente e está se modificando, crescendo, mudando de cor e adquirindo um formato irregular, isso serve de alerta, principalmente pensando no melanoma, que é o mais perigoso. Isso deve chamar atenção para o diagnóstico precoce. Caso tenha um sinal com esse comportamento, isso deve alertar para procurar um dermatologista para ter um diagnóstico e iniciar um tratamento”, recomenda o especialista.

Existe um grupo de risco para câncer de pele?

Embora todos devam se prevenir dos efeitos da radiação solar na pele, existe um grupo considerado de risco para o desenvolvimento da doença. Pessoas que tem a pele e os olhos claros, albinos e quem tem vitiligo, estão mais propensas a doença e demandam mais proteção. Também estão mais vulneráveis as pessoas com histórico da doença na família e quem faz tratamento com medicamentos imunossupressores.

“Um exemplo é imunossupressão, uma pessoa que fez por exemplo, um transplante de rins, ela usa um medicamento para evitar a rejeição do órgão, que foi transplantado. Então esse medicamento vai baixar a imunidade e pode favorecer o desenvolvimento do câncer de pele”, explicou o Dr. Joseli Batista.

Com uma maior incidência do sol, o Rio Grande do Norte, especialmente a capital Natal, também conhecida como Capital do Sol, tem uma população constantemente exposta aos raios UV. De acordo com o especialista da Liga Norte-rio-grandense Contra o Câncer, o índice de radiação ultravioleta, que vai de 0 à 15, costuma estar constantemente no nível máximo no estado, o que aumenta o risco de câncer de pele na população.

Uma recomendação importante nesse sentido é buscar se expor ao sol mais cedo, antes das 9h, quando essa incidência ainda não atingiu o seu máximo. A medida é ainda mais importante conforme o tom de pele e o nível de melanina do indivíduo, visto que ela costuma atuar como uma barreira natural.

“É uma soma de fatores, o estado se destaca, mas também depende muito da cor da pele. Quanto mais escura a pele, mais melanina, é a melanina que dá a cor da pele. Um negro, por exemplo, tem muita melanina, já o branco tem pouquíssima. A melanina funciona como um protetor solar natural”, explicou o dermatologista.

Neste sentido, enquanto que um grupo com mais melanina está mais protegido do risco de desenvolver o câncer de pele. Outro grupo, com menor índice de melanina na pele, tem um risco mais elevado. Uma somatória de fatores que vão desde a exposição constante à uma predisposição genética.

“Se pensarmos por esse lado, uma pessoa de pele negra, ela já nasceu com um ‘protetor solar’ fator 100. Enquanto que o branco, nasce praticamente sem protetor solar natural”, complementou.

Como reduzir o risco de desenvolver câncer de pele?

Geralmente fruto de uma vida inteira de exposição ao sol, o câncer de pele não pode ser evitado, mas existem comportamentos que podem reduzir os riscos. Usar roupas mais fechadas e protetor solar são fatores que podem ajudar a amenizar os efeitos da exposição aos raios UV.

Na praia, o uso de camisas com fator de proteção também são recomendados. Mas é necessário ficar atento as recomendações dos fabricantes.

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Mesmo no caso do uso do protetor solar, é importante ficar atento, já que geralmente o índice de proteção informado está baseado em uma quantidade específica a ser aplicada. Segundo o dermatologista Joseli Batista, a maioria das pessoas costuma usar bem menos que o recomendado.

“O problema é que as vezes você tem um fator determinado em laboratório que leva em conta uma quantidade de protetor por uma área de pele. Na prática a gente não vai aplicar a mesma quantidade do teste, a maioria das pessoas coloca menos, cerca de um terço, seja para economizar ou para não ficar muito grudento. Então você vai ter um fator 30, mas que vai ter proteção de 10. Assim, pode ser interessante usar fatores mais altos, 70, por exemplo, em caso de pessoas com a pele mais clara”, concluiu o dermatologista.

Além disso, vale lembrar os horários em que a incidência solar é maior e seus efeitos maléficos são mais sentidos. Evitar se expor ao sol entre às 10h e às 16h, ajuda a reduzir os riscos, não apenas do câncer de pele, como também das queimaduras solares e mesmo o envelhecimento precoce da pele.

Ao fim, é importante consultar seu médico de confiança e ficar atento aos comportamentos e sinais da sua pele. Câncer de Pele pode ser curado, mas o diagnóstico precoce é fundamental para o aumento das chances de recuperação.


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